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outubro 29, 2007 / cassiomarques

Trabalhos acadêmicos não servem para nada

Terminei de escrever minha monografia na última semana, agora falta somente preparar a apresentação e defender na banca.
Como experiência após escrever um trabalho acadêmico o que ficou foi: “Trabalhos acadêmicos não servem para nada”. Sim, isso mesmo, não servem para nada. Ou pelo menos não servem para ensinar.
Pesquisando pela internet sobre definições para o termo “acadêmico”, tudo o que se encontra está relacionado à pesquisa e, mais importante, à educação. Neste ponto encontro o que para mim representa um sério problema. Existe uma grande diferença entre algo que é escrito para que o conhecimento seja difundido e algo que é escrito para inflar o ego do autor. Na última categoria se encaixam como autores aqueles que nunca criaram nada real, limitando-se apenas ao aspecto teórico de tudo que é objeto de seus trabalhos.
As normas aplicáveis para criação de textos acadêmicos orientam o bacharelando, mestrando, doutorando, pesquisador ou o raio-que-o-parta a escrever textos insossos, sem graça alguma. Resumindo: Chatos pra caramba. Ninguém lerá aquilo ou, na melhor das hipóteses lerá, mas não irá aprender coisa alguma. Traçando um paralelo com as publicações da área de Computação em geral, o que se vê são livros tratando sobre assuntos complexos, focando-se em aspectos práticos e reais e utilizando uma linguagem menos formal. Como consequência existe uma maior aproximação entre o autor e o leitor. Quem está lendo sente-se mais à vontade com o assunto. O autor dirige-se ao leitor, lhe aguça a curiosidade, provoca prazer pela leitura e pela abssorção de conhecimento. Por outro lado, as publicações ditas acadêmicas, como teses e monografias, ficam empoeiradas nas estantes das instituições de ensino, sendo raros os casos onde auxiliam qualquer tipo de estudo posterior.
Se existe uma palavra que me causa a sensação de que meu intestino está sendo torcido, essa palavra é “tradição”. A mesma tradição que faz com que os textos acadêmicos continuem sendo escritos como se fazia há cem anos ou mais. A mesma tradição que infla o ego de acadêmicos teóricos. A mesma tradição que dificulta que assuntos que já são complexos por natureza possam ser assimilados de maneira mais simples por aqueles que desejam aprender.
Por fim, vemos que trabalhos acadêmicos não educam os próximos alunos. Não servem como veículo para transmissão do conhecimento. Sua única função é demonstrar que alguém concluiu um determinado curso e agora possui um título. Enquanto não houver mudanças nas regras de estilo adotadas para confecção deste tipo de publicação, as estantes das universidades continuarão abarrotadas de trabalhos inúteis. Mais um obstáculo para o avanço tecnológico do nosso país.

7 Comentários

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  1. Marcelo Donatti / fev 13 2008 4:31 pm

    Olá Cássio,

    Não concordo com as suas afirmações por causa de alguns pontos:
    -> Se o seu tema de TG foi mal escolhido ou foi mal orientado o problema é seu;
    -> Existem normas que tem que ser seguidas, inclusive os manuais e monografias tem ISO para padronização;
    -> Além disso muitos livros focam o prático porém o leitor não tem capacidade ou ferramentas para implementá-lo;
    -> E para terminar: A monografia reflete como é o profissional, afinal de contas quem escreveu-a?

    Abraços,

    Marcelo Donatti
    Programador Master em Delphi

  2. cassiomarques / fev 13 2008 5:13 pm

    Olá Marcelo!

    Respondendo os pontos que você citou:

    1) Em momento algum disse que o tema do meu trabalho foi mal escolhido ou que meu trabalho foi mal orientado. Pelo contrário, obtive nota máxima de forma unânime e tive diversas pessoas interessadas no assunto assistindo à banca. Também aprendi bastante durante o desenvolvimento do trabalho. O que deixei claro foi que as normas vigentes para a escrita deste tipo de trabalho me forçaram a produzir um texto muito mais difícil de chato de ser lido do que se eu tivesse escrito um livro técnico para um público geral da área de TI.
    2) As normas existem apenas para padronizar o formato dos trabalhos. Não vejo isso como algo ruim, pelo contrário. Apenas defendo que essas normas sejam revistas para que os textos sejam menos insuportáveis e realmente ensinem, o que deveria ser seu propósito básico.
    3) Se o leitor não tem capacidade para implementar o que está em um livro técnico, o problema pode ser:
    a) O leitor é incompetente/burro e/ou não conhece o idioma no qual o livro foi escrito (as melhores publicações em TI estão em inglês)
    b) O autor nào domina o assunto sobre o qual escreveu ou não soube se comunicar de forma efetiva.

    O segundo caso tem solução, basta procurar outro titulo sobre o mesmo assunto. Já o primeiro caso já é mais complicado. Para os últimos livros que você tentou ler, qual dos dois casos se aplica? :-)

    4) De forma alguma isso é verdade. A monografia reflete quem o ESTUDANTE é, principalmente, o que as NORMAS são e como o ORIENTADOR pretende que o estudante ataque o tema do trabalho. Se você realmente entendeu o texto que postei, poderá ver que fui forçado a escrever o trabalho de uma forma com a qual não concordo, logo isso não reflete de forma alguma quem eu sou.

    E essa assinatura, “Programador Master em Delphi”. Isso é algum tipo de provocação? Boa sorte com a incrível arte de arrastar e soltar! :-)

  3. Marcelo Donatti / fev 14 2008 3:29 pm

    Olá Cássio,

    Então você não soube expressar as suas idéias e opiniões. Observe os seus tópicos:

    Post Original:
    “Como experiência após escrever um trabalho acadêmico o que ficou foi: “Trabalhos acadêmicos não servem para nada”. Sim, isso

    mesmo, não servem para nada. Ou pelo menos não servem para ensinar.”

    Post Resposta:
    “Também aprendi bastante durante o desenvolvimento do trabalho.”

    Observação: Como você aprendeu se não serviu para nada. Parto do pré-suposto que você aprendeu algo ou não tem uma opinião

    bem definida.

    ============================================================

    Post Original:
    “Resumindo: Chatos pra caramba. Ninguém lerá aquilo ou, na melhor das hipóteses lerá, mas não irá aprender coisa alguma.”

    Post Resposta:
    “Pelo contrário, obtive nota máxima de forma unânime e tive diversas pessoas interessadas no assunto assistindo à banca.”

    Observação:
    Até que tinha bastante gente na sua apresentação…

    ============================================================

    Post Original:
    “Por fim, vemos que trabalhos acadêmicos não educam os próximos alunos.”

    Observação:
    De onde você acha que surgiram muitas teorias que são aplicadas no nosso serviço?

    ============================================================

    Post Original:
    “Boa sorte com a incrível arte de arrastar e soltar!”

    Observação:
    Você conhece o Netbeans 6 ou o C++ Builder? Você constrói todos os seus projetos no bloco de notas ou você perde tempo

    organizando componentes na tela via programação ??? :P

    ============================================================

    Abraços,

    Marcelo Donatti
    Programador Master em Delphi

  4. cassiomarques / fev 14 2008 3:56 pm

    Olá Marcelo,

    Então você é/era aluno da Unitau também?

    Sobre seus comentários:

    1) Confesso que não me expressei corretamente. Disse que os trabalhos acadêmicos não servem para nada quando tratamos de “material para gerações futuras”, especialmente no Brasil, pois os textos produzidos não são didáticos. Para quem faz o trabalho há sim sua utilidade, ou seja, o aprendizado. Perceba que no meu texto existe a frase “Ou pelo menos não servem para ensinar.”

    2) As pessoas estavam interessadas na apresentação/tema, não necessariamente na monografia. Nem sequer haviam lido o trabalho, já que o mesmo ainda não estava disponível na biblioteca.

    3) Dúvido que seja capaz de citar pelo menos 3 casos de pesquisa com resultados práticos na área de TI no Brasil, realizados a partir de monografias de graduação.

    4) Sim, conheço ambos. Uma coisa é arrastar componentes da sua view, não vejo problema algum nisso. Outra coisa é utilizar essas ferramentas toscas de geração de código para todo o resto. Quando for necessário realizar qualquer refatoração de código, manutenção ou resolver problemas de desempenho, o código porco gerado realmente atrapalha. Além disso, 95% dos programadores que utilizam essas ferramentas não sabem o que acontece “por baixo dos panos”, o que eu considero uma pena. Espero que esse não sej seu caso.

    Abraço!

  5. Heber / ago 2 2012 5:10 am

    olá Cassio, concordo com tudo o que você escreveu.
    por coincidência, eu estava vendo uma tira e falava exatamente sobre tradição.
    http://www.gocomics.com/pearlsbeforeswine de 01/ago/2012 (hoje)

  6. Mauricio Castro / mar 6 2017 4:21 am

    Cássio, acabei de ler seu texto. Estou fazendo um artigo científico para contabilidade. Não sei pra que serve isso. Contabilidade se faz na prática e não com teorias enfadonhas. Se eu fosse jornalista, eu publicaria seu texto. Você resumiu tudo muito bem. É isso mesmo. Parabéns.
    O Brasil é campeão mundial em publicações acadêmicas. E é pobre em tecnologia. Isso se deve ao fato de que nossas pesquisas são feitas sobre temas inúteis. Tem pesquisador aqui nessa terrinha de m… que estuda tamanho do buraco cavado pelos tatus!!!! Imagina o que sai daí. Pelo amor de Deus. Esse tipo de tese só serve pra trocadilho e jogos de palavras. Não tem utilidade nenhuma. Mas o Dr. em Tatu se acha genial e fica todo empolgado e pimpão com seu título. Fulano não! Me chame de Doutor. Doutor em que? Em tatu.Tutá de sacanagem. Mas esse é o Brasil, exportador de soja, minério de ferro e café. Onde foi para o país do futuro? Deve estar no buraco do tatu.

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